Diário do Mercado na 5ª feira, 06.04.2017
Agentes cautelosos com incertezas envolvendo andamento da Reforma da Previdência
Resumo.
Mesmo com os agentes digerindo a ata do Fed ontem e de olho no primeiro dia do encontro entre Trump e o presidente da China Xi Jinping, além de aguardarem indicadores de peso para esta sexta-feira, notícias sobre a reforma da previdência prevaleceram.
Os investidores seguiram cuidadosos, observando discursos de membros do governo em relação a uma pesquisa divulgada na véspera pela imprensa sobre a reforma da previdência com o posicionamento de deputados sobre a proposta governamental.
O placar foi atualizado hoje para 256 parlamentares contra e 94 a favor, levando a continuidade do desarme de posições em Brasil ao longo do dia, em todos os mercados.
Ibovespa.
Na parte da manhã houve momentos no positivo e no negativo, aparentemente alheios à elevação da aversão ao risco vista na véspera, mas, o movimento baixista se intensificou após às 14h30 com o índice chegando a vir abaixo dos 64 mil pts na hora final, quando reagiu levemente com a zeragem de posições day-trade.
Com a Vale e o setor financeiro liderando as contribuições ponderadas negativas, contrabalançados pela Petrobras, que se beneficiou de nova alta do petróleo, o Ibovespa findou aos 64.222 pontos (-0,85%), com giro financeiro preliminar da bolsa em R$ 7,65 bilhões, sendo R$ 7,35 no mercado à vista.
O fluxo de capital para a Bovespa em abril segue positivo, com a entrada líquida de R$ 403 milhões registrados no último dia 4, levando o saldo acumulado do mês a R$ 768,5 milhões. Em 2017, o fluxo acumulado soma R$ 4,31 bilhões.
Agenda Econômica.
No Brasil, o IGP-DI (FGV) registrou deflação de 0,38% em março, versus consenso de mercado estável (0,00%) e abaixo do +0,06% apuado em fevereiro.
Na decomposição do indicador, seus subindices assim vieram: IPA-DI (atacado – peso 60%) recuou 0,78%, especialmente impactado pela queda dos preços dos combustíveis, com recuo significativo do óleo diesel na indústria, e da soja, milho e mandioca no agro, enquanto o IPC-DI (varejo – peso 30%) subiu 0,47%, puxado pelos alimentos. Já o INCC-DI (construção civil – peso 10%) apresentou retração de 0,04%.
Segundo a Anfavea, foram produzidos em março 234.746 veículos, entre automóveis e comerciais leves, pesados e ônibus, o que representa um aumento de 17,1% ante fevereiro e de 18,1% ante março de 2016, sendo no comparativo anual o quinto crescimento consecutivo. As vendas de veículos novos cresceram 39,4% ante fevereiro e 5,5% no comparativo com março de 2016.
Demissões Prosseguem e Estoques Pioram - Apesar da alta na produção e nas vendas totais, as montadoras seguem demitindo, tendo sido fechados no mês passado 491 vagas no setor, um dos mais duramente afetados pelo cenário recessivo.
Os estoques também apresentaram ligeira piora em março, tendo se elevado para 218,6 mil unidades (de 205,5 mil em fevereiro), o suficiente, segundo a Associação, para atender a demanda de 35 dias de venda – sendo 30 dias considerado o ideal.
Câmbio e CDS.
Analogamente à bolsa, o dólar oscilou indeciso até meados da tarde, quando influenciado pelo incremento da aversão ao risco relativo ao cenário doméstico então iniciou sua escalada.
A moeda findou o dia cotada a R$ 3,1450 (+1,00%) no interbancário. O CDS brasileiro de 5 anos, que oscilava aos 225 pts ante igual patamar da sessão anterior curiosamente não acompanhou o sentimento de elevação de risco visto tanto na véspera quanto na sessão desta quinta.
Juros.
A tradução dos temores quanto ao andamento da reforma da previdência pelos agentes iniciada na véspera e agravada nesta quinta-feira, foi bastante sentida no mercado de juros futuros, que operou em alta desde a abertura e encerrou as negociações com praticamente todos os vencimentos de DIs nas máximas.
Para sexta-feira.
Novos desdobramentos da tentativa de avanço governamental na questão da reforma da previdência, que entrou com peso na pauta após a divulgação de atual placar desfavorável, dividirão espaço com os indicadores mais importantes da semana: no Brasil, a inflação ao consumidor (IPCA), e nos EUA, o payroll (criação de vagas na economia).
Ao passo que o indicador norte-americano deverá fazer pouco preço, tanto pela recente alta dos juros nos EUA, quanto pela antecedência do ADP divulgado na quarta-feira, o IPCA poderá ajudar a calibrar as apostas do mercado quanto ao corte na Selic na próxima semana, 4ª feira,12.04.
Confira no anexo a íntegra do relatório de análise do comportamento do mercado na 5ª feira, 06.04.2017, elaborado por Hamilton Moreira Alves, CNPI-T, Analista Senior, eRafael Reis, CNPI-P, Analista, ambos do BB Investimento.
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